A três semanas da nossa partida para a Austrália, faltam nos cerca de 700 kilómetros para chegarmos a Auckland para apanhar o vôo. Estamos em Gisborne, a cidade onde os navios do Capitão Cook desembarcaram pela primeira vez.
Procuravam mantimentos, sobretudo água. quando foram recebidos por uma tribo Maori que encenou a sua dança de guerra. Esta (a dança) foi compreensivelmente mal interpretada pelos britânicos e a coisa acabou com 6 mortos do lado Maori e, a debandada sem mais demoras e, sem mantimentos da expedição inglesa.
Detalhes históricos à parte, Gisborne é a primeira cidade do mundo a ver nascer o sol, mas a única coisa que vimos desde que aqui chegámos foi chuva e céu cinzento. Aliás, há três dias consecutivos que chove. Os locais já consideram este verão como um dos pires que há memoria. Nós, pelo que nos toca, temos que nos resignar com o facto e aceitar que os próximos quilómetros continurão, com toda a certeza, a serem molhados.
De Napier recebemos noticias do nosso amigo e ciclovagabundo Álvaro – o biciclown e, marcámos encontro no lago Tutira a cerca de 45 kilometros de Napier. Levámos nos nossos alforges uma garrafa de vinho tinto da região – Hawkes Bay e o Alvaro surpreendeu-nos com uns bifes de veado que lhe haviam oferecido. Um jantar perfeito á beira do lago tranquilo. No dia seguinte seguimos juntos rumo a Wairoa, pela SH2, uma estrada cheia de camiões e bermas estreitas.
Em Wairoa, acampámos num promontório com vistas para o estuário onde o sol se pôs espalhando pinceladas alaranjadas pelos céus. Na manhã seguinte acordámos ao som de chuva e vento e, sem grande vontade, partimos para o lago Waikaremoana onde ficámos dois dias a relaxar.
Do lago regressámos em direcção a Gisborne, mas o Alvaro decidiu continuar pela rota junto ao Pacifíco que é a mesma utilizada pelos camiões. Nós optámos pela estrada do interior em busca de tranquilidade. A chuva acompanhou-nos durante dois dias e valeu-nos a hospitalidade Novo Zelandesa. O Collin, o dono da taverna da pequena povoação de Tiniroto deu-nos a chave para que pudéssemos pernoitar no centro recreativo da aldeia.
No dia seguinte avançámos sob chuva torrencial em direcção Gisborne. Nas próximas pedaladas iremos fazer o Cabo Este onde com alguma sorte poderemos ver o primeiro nascer do sol do dia e explorar a faceta Maori do país.