Balanços · Histórias da estrada
Dois anos a pedalar…
Como dizer a nós próprios que andamos há dois anos a viajar sem recear que não passe de um sonho para o qual vamos acordar?
Balanços · Histórias da estrada
Como dizer a nós próprios que andamos há dois anos a viajar sem recear que não passe de um sonho para o qual vamos acordar?
Ainda levou o anel à dentuça de ouro para confirmar a sua qualidade (…). Limpei o anel às calças antes de o enfiar no dedo (eu sei que as cáries não são contagiosas, mas nunca se sabe).
O pequenito estende-me a sua para retribuir o cumprimento (…). A sua mão é tão pequenina que transforma estes dois gestos em algo maior e mais profundo.
Dou comigo a amaldiçoar os russos e as sua maldita estrada e a minha maldita carga. Malditos, malditos, malditos. Um ziguezague tortuoso, entre calhaus escorregadios e uma inclinação que parece que a bike me vai cair em cima – viva a gravidade.
E o Nuno coitado, dignidades de lado, podia usar os efeitos da anestesia e fantasiar, como o Marco Paulo, que tinha dois amores – um louro e outro moreno.
Abriram-se mapas, mostraram-se fotos, contaram-se histórias, (…) trocaram-se dicas e objectos necessários a uns e desnecessários a outros (…) e sobretudo improvisou-se uma família temporária, feita de gente com ideais e linguagem comuns.
e com a distracção das nossas novas amizades ultrapassávamos o nosso primeiro desafio na nossa vida de “casados”. Afinal parece que estar juntinhos só com o embalo do amor, sem anilhas metálicas pelo meio é bem melhor! Isso e andar de bicicleta!