
Os nossos dias na Nimbina – a nossa autocaravana alugada – estão contados. Sete, para sermos mais precisos.
Continuar a dizer que estamos a adorar o país e a nossa aventura sobre quatro rodas começa a ser repetitivo mas a verdade é que estamos. Mesmo quando as paisagens começem a ser mais modificadas pelo homem.
A melhor parte da nossa ultima semana : rever amigos de longa data – o Pierre e a Jessica , que agora têm um filhote, o Felix.
O nome Yarra Yering No.3 provavelmente não diz muito à maior parte das pessoa. A nós, com toda a certeza, não dizia. Isto até ao jantar meticulosamente confeccionado de beef bourginon que o Pierre preparou e da, ou das, garrafas de vinho que partilhou connosco, da sua garrafeira impressionante.
Justiça feita, o homem é sommelier. Mas voltando ao assunto do Yarra Yering no 3, já é fácil deduzir que falamos de vinho. E que vinho! Mas a grande peculiaridade desta garrafa em concreto não é o facto de ser um vinho excelente, é-o sem dúvida. O facto de ser produzido na Austrália – tão pouco. Fazem-se por aqui vinhos bastante bons. A grande peculiaridade desta vinhaça vem do facto de ser produzida com castas portuguesas como a Touriga, Roriz, Tinta Cão, Tinta Amarelo, Roriz e Souzão. O preço é que não é muito luso, sobretudo agora em tempos de crise. A 90 dólares a garrafa, este será o liquido mais caro que ingeriremos durante esta viagem, desconfio.
Mas um reencontro de amigos merece ser bem celebrado, sobretudo quando a distância faz um reencontro próximo pouco provável.
O Pierre, francês de nascença, adoptou de corpo e alma o estilo de vida descomplicado e relaxado australiano e, fez questão de experienciássemos algumas das coisas pelas quais ele admira o país. Fomos ver um jogo de Futebol Australiano que, para quem não sabe, se traduz em duas equipas a correr desenfreadamente de um lado para o outro com uma bola de rugby nas mãos até que a equipa oponente lha retire, for de que forma for, mas geralmente de forma violenta. O estádio estava meio cheio mas nem por isso menos impressionante. O Melbourne Cricket Ground (MGC) é o décimo maior estádio do mundo e um dos mais icónicos da Austrália.
No domingo fomos os quatro até ao Jinks Creek, uma vinha, galeria de arte e pizzeria. Comemos as nossas pizzas e provámos vinhos ali produzidos sob o crepitar de uma lareira, que o frio do outono já se fazia sentir lá fora. Regressámos a Melbourne ao fim do dia com a sensação de estarmos entre amigos e de viver, mesmo que por breves dias, numa espécie de normalidade feita da presença de amigos, boa comida, boas conversas e de um tecto certo e fixo.
Antes de chegarmos a Melbourne, a casa dos nossos amigos e, já no estado de Vitória, fomos até ao Promontory National Park, um parque natural de rochas graníticas avermelhadas, florestas de árvores contorcidas e de baias desertas. Um local lindíssimo, mesmo sob a chuva intensa que caiu nos dois dias que ali estivemos.
A rota que escolhemos no estado de Vitoria parece oferecer-nos menos em termos de parques naturais – o verdadeiro ponto alto deste país; os eucaliptos prevalecem e as grandes pastagens e áreas de cultivo estendem-se por quilómetros infindáveis. Existe sobretudo a paisagem árida, aquela que associamos à Austrália.
Depois dos nossos dias em Melbourne vamos em direcção à costa Este para fazer o Great Ocean Drive, um dos passeios á beira mar mais icónicos do mundo. Vamos então ver de onde vem toda esta fama e desfrutar os nossos últimos quilómetros na Nimbina, antes do regresso, já ansiado, às bicicletas.