Continuamos com fogo no rabo, literalmente, até porque agora o calor já começa a apertar.
A monotonia da paisagem tem sido a grande motivadora dos seis dias que pedalámos sem descanso cobrindo mais de 700 kms de Tennant Creek a Katherine, onde estamos agora.
Esta foi até à data a etapa mais longa da nossa viagem sem pausas. Há já mais de 800 kms que a paisagem se compõem sobretudo por eucaliptos e vegetação rasteira, muita da qual está queimada.
A nossa rotina: acordar ao nascer do sol, comer um pequeno almoço valente de papas de aveia, pedalar com muita força, parar para almoçar à beira da estrada – com os grandes camiões, conhecidos como road trains ou, em bom Português, comboios de estrada e as milhares de roulottes conduzidas por reformados a atravessar o país fugindo ao frio – a passar. Regresso à estrada para mais umas boas horas com o rabo no selim, e uma hora antes do sol se pôr, encontrar sítio para acampar no meio do mato, esperando não ter nenhum encontro com um cobra assustada. Mas só faltam 300 kms para terminar esta nossa odisseia pela Stuart Highway e por isso podemos abrandar o ritmo.
Em Katherine aproveitámos para ir molhar os pés e andar de kayak no Parque Natural de Nimtuk que tem um canyon impressionante por onde passa um rio habitado por crocodilos.
Os próximos dias seguimos para o Kakadu, um Parque Natural Património da Humanidade que é o Pantanal aqui do sitío a convite dos nossos amigos Sandy e Jennifer, que vão fazer um intervalo do ciclismo e alugaram um carro para a ocasião.